A importância da Vacinação

HISTÓRIA

Os avanços da Medicina nos últimos dois séculos foram notáveis. Antibióticos, anestésicos, técnicas e materiais cirúrgicos , todos contribuíram para aumento na qualidade e duração da vida humana.

Mas, em termos de saúde pública, nada se compara ao saneamento básico e a vacinação. Doenças como varíola, poliomielite, sarampo, diarreias, foram praticamente erradicadas ( ou, pelo menos, temos os recursos para seu controle ).

A palavra vacina vem do latim vaccinae ( “da vaca” ). A primeira vacina foi criada por Edward Jenner, na Inglaterra , em 1796. Ele observou que ordenhadoras de vacas contraíam a varíola do gado ( semelhante à humana, pois são virus aparentados), em uma forma mais branda, e que ficavam imunes à varíola humana. Jenner inoculou o material da bolha de uma dessas ordenhadoras em um jovem saudável, que também contraiu a varíola bovina. Dois meses depois, num gesto temerário, ele inoculou no jovem material de uma bolha de variola humana . O jovem não contraiu a doença, demonstrando que estava imune. A prática se disseminou, pois a doença gravíssima, matava ou incapacitava grande numero dos afetados ( inclusive soldados , razão pela qual os governos se apressaram em vacinar seus exércitos ).

É interessante notar que já existia, desde séculos, prática semelhante, chamada variolização, na China, África e outros países da Ásia. As pessoas eram inoculadas com o vírus da varíola humana, atenuados, e contraiam formas mais brandas da doença. Infelizmente, era um procedimento de risco, pois 2% tinham quadros muito graves, com óbito, e outros tantos tinham formas severas da doença.

Ao longo dos anos, várias outras vacinas foram sendo desenvolvidas, utilizando técnicas cada vez mais seguras ( ao invés de vírus vivos, vírus atenuados, inativados , toxoides, antígenos com engenharia genética).

Situação atual

Dispomos hoje de vacinas contra várias doenças.

Para outras, como HIV, sífilis, hepatite C, elas ainda não existem.

Há outras sendo desenvolvidas, como dengue .

O sistema público de saúde disponibiliza as mais importantes, do ponto de vista de saúde pública, seguindo um calendário preestabelecido .

O que define se uma determinada vacina é importante para a saúde pública? Facilidade de transmissão da doença, afetando um grande número de pessoas ao mesmo tempo; gravidade do quadro clínico, risco de óbito; segurança da vacina ( poucos efeitos colaterais ).

Assim, doenças como poliomielite, sarampo, tétano, coqueluche, que têm grande chance de causar quadros graves, com óbitos e sequelas significativas, atingindo grande número de pessoas, são prioridade.

Existem vacinas para outras doenças, além daquelas que constam do calendário obrigatório . Estas podem ser aplicadas em clínicas particulares, desde que com indicação médica.

A CAMPANHA ANTI VACINA

Nos últimos anos, temos observado um fenômeno preocupante .

Parcelas da população, de todos os matizes ideológicos ( esquerda, direita, “café com leite” ) têm se oposto à vacinação de seus filhos.

As alegações para tal são variadas . Diz-se que a vacina causa autismo. Que o governo não pode impor sua conduta , desrespeitando a liberdade de escolha.

Tudo bem, se as consequências atingissem somente quem não foi vacinado? Não !!! Serão afetadas, com risco de vida e de sequelas graves , crianças sem liberdade de escolha. Será afetada a população, que terá que conviver com doenças controláveis. Será afetado o sistema de saúde pública, que precisará desviar os ( já escassos ) recursos, para o tratamento dos doentes.

Vacina não causa autismo! O estudo que afirmou isso foi desmoralizado, pois o autor distorceu fatos. ( Descobriu-se depois que ele estava desenvolvendo uma vacina concorrente ). Sua irresponsabilidade, porém, gerou uma onda antivacina que, hoje, faz com que tenhamos casos autóctones ( ou seja, adquiridos aqui no Brasil ) de sarampo, que não víamos há décadas.

Em tempo: vacinas não causam doença. Podem dar alguns sintomas desagradáveis, transitórios, passageiros. Mas você não vai ficar gripado se tomar vacina contra gripe ( poderá, talvez, se infectar com uma variante do vírus não coberta pela vacina, mas certamente não pelas variantes cobertas; infelizmente, não dá pra ter uma vacina contra gripe que cubra todas as possibilidades, pois o vírus tem muita mutação ).

Vacine seus filhos ! As doenças que elas previnem são graves. Poliomielite mata. Deixa sequelas graves ( paralisia ) . Sarampo mata. Deixa sequelas graves ( cegueira, por exemplo ). Rubéola lesa gravemente o bebê se contraída durante a gestação.

É muita irresponsabilidade não vacinar !! Não comprometa seus filhos , seus netos, a geração futura !

Dr. Alcides Poli Neto – Infectologista – CRM 41836