Gerontofobia: o terrível medo de envelhecer

Romildo R. Almeida
Psicólogo clínico

 

O tempo voa, essa é a sensação da maioria das pessoas sobre a percepção do tempo. Paralela a isso, vem a conclusão de que estamos ficando velhos rapidamente e isso nos assusta.

 

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Qualibest em 2017 revela que 9 em cada 10 brasileiros têm medo de envelhecer. Gerontofobia é o nome dessa síndrome que define aversão ou medo patológico de pessoas idosas ou do processo de envelhecimento. Os sintomas afetam os pensamentos e causam ansiedade.

 

No geral a pessoa acometida por essa fobia tem sentimentos depressivos, pois a perspectiva do futuro é sempre negativa. Sendo assim, não consegue sonhar nem imaginar algo agradável longe da juventude. Há pessoas que preferem morrer jovens a envelhecer.

 

Numa sociedade em que a velhice está diretamente asso­ciada a doenças, perda de mobilidade, rugas na pele etc., é compreensível que ninguém queira envelhecer. Também a hipervalorização da juventude contribui para o preconceito contra a velhice. Normalmente as matérias que tratam des­se tema na mídia em geral, mostram a figura do idoso ideal com características de jovem. Tem sempre aquele velhinho praticando surfe ou aquela idosa saltando de paraquedas, passando a mensagem de que a velhice ideal seria a negação da mesma. Fala-se pouco da sabedoria presente nas pessoas que envelheceram.

Deveríamos nos espelhar no modelo dos povos orientais porque entre eles o idoso goza de prestígio e é tratado com dignidade. No Japão, por exemplo, existe o dia do respeito ao idoso (keiro no hi) que é comemorado na terceira semana de setembro. Nesse dia, as pessoas com mais de sessenta anos recebem presentes e homenagens dos familiares, que os reverenciam com gratidão por tudo que fizeram em prol da família. Não por acaso, é a nação com maior número de pessoas centenárias. Já disse o papa Francisco que a velhice é a sede do conhecimento.

Como atitude concreta daqui pra frente, poderíamos valo­rizar mais as pessoas idosas que estão ao nosso redor e evitar reproduzir mensagens preconceituosas sobre esse tema. An­tes de rir de piadas ou de histórias que exploram de maneira cômica a velhice, pense que, se tudo der certo, você também chegará lá, se Deus quiser.