Setembro Amarelo

Nas últimas décadas, a OMS – Organização Mundial da Saúde tem despendido esforços no sentido de sensibilizar, principalmente os profissionais de saúde, para a importância de ações sistemáticas e específicas, voltadas à detecção e prevenção do suicídio.

O impacto de uma morte por suicídio na família é sempre devastador. Quer seja nos filhos, no cônjuge ou nos pais, os sentimentos de impotência, culpa, e mesmo revolta, por ter sido deixado de uma forma tão abrupta e violenta, de maneira geral deixam marcas profundas que podem perdurar por toda a vida.

Sendo uma forma de “morte evitável” com grande impacto na população de adultos jovens, no auge de sua vida produtiva (ainda que o suicídio tenha incidência elevada em todas as idades da vida adulta), o problema do suicídio vem sendo cronicamente negligenciado por diversas razões. A mais preocupante delas – tartar o suicídio como tabu – felizmente pode ser profundamente modificada por ações educacionais simples.

Tecnicamente, a mudança mais importante e de maior impacto na detecção e prevenção do suicídio é, como indica o título da matéria, falar sobre esse assunto. Um dos principais motivos que alimentam esse tabu, infundado, seria o temor de que tal pergunta poderia induzir na pessoa ideias suicidas antes inexistentes. Esse medo tem sido sistematicamente desmentido, e, ao contrário disso, todos os estudos apontam na direção contrária.

Qualquer ocasião em que for possível conversar sobre preocupações com a vida, medo de não “dar conta” dos desafios, queixas sobre estar se sentindo solitário/a, e mesmo – e muito importante – queixas claramente depressivas: desânimo, tristeza, pessimismo, etc., todas essas ocasiões devem ser aproveitadas para uma pergunta direta:

VOCÊ PENSA EM MORRER?

Simples assim, direto, sem rodeios. Qualquer um pode – e deve fazer essa pergunta. Pais, professores, médicos, enfermeiros, religiosos, chefes do trabalho, líderes comunitários, qualquer pessoa interessada no outro! E não importa a idade para quem se faz essa pergunta. Mesmo crianças tão pequenas como as de oito ou nove anos devem ser abordadas – de forma cuidadosa e carinhosa – sobre esse assunto tão delicado.

E nunca se esqueça – você pode estar salvando uma vida!!!

 

Dr. João Baptista Laurito Júnior

Psiquiatra

CRM: 48962